BRASÍLIA - Com
um consenso forçado, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 27, o
fim do benefício anual do 14º e 15º salário para os parlamentares. A partir de
agora, os deputados e senadores só receberão salários extras ao assumir e
deixar seus mandatos no Congresso, o que acontece, em regra, a cada quatro
anos. A votação acontece numa tentativa do presidente, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), de tentar melhorar a imagem da Casa.
O
benefício de salários extras para os parlamentares, chamados internamente de
ajuda de custo, começou em 1938. Em alguns períodos ocorria o pagamento também
quando haviam convocações extraordinárias para trabalho em julho e janeiro, o
que levou ao pagamento de até 19 salários em um mesmo ano. Atualmente, o
benefício era pago no início e no fim de cada ano.
A
proposta aprovada é de autoria da atual ministra da Casa Civil, Gleisi
Hoffmann, e foi aprovado pelo Senado em maio do ano passado. Na Câmara, a proposta
ficou parada por meses na Comissão de Finanças e Tributação, o que permitiu o
pagamento do benefício no final do ano passado e na folha de pagamento deste
mês. O fim do 14º e do 15º salários representará uma economia anual de R$ 27,41
milhões para a Câmara e de R$ 4,32 milhões para o Senado nos anos do mandato em
que não houver o pagamento. O decreto legislativo precisa ainda ser promulgado
e publicado no Diário do Congresso para entrar em vigor.
Deputado
com o maior número de mandatos na Casa, e quem mais recebeu o benefício, o
presidente Henrique Alves empenhou-se para acelerar a aprovação pressionando os
líderes a assinar um requerimento de urgência para o projeto. Na visão dele, a
aprovação pode ajudar a aproximar o Congresso da sociedade. "Essa Casa
pode ter pecados, pode ter seus equívocos no voto sim ou não, mas a omissão é
indesculpável", argumentou Alves ao defender a votação imediata.
Com o
consenso imposto, dezenas de parlamentares fizeram questão de discursar em
plenário apoiando a medida. "O fim do 14º e 15º salários é uma reverência
à sociedade que trabalha no País", disse o líder do PPS, Rubens Bueno
(PR). "Não é com uma boa agência de publicidade que vamos mudar a imagem
dessa Casa, é com posturas como essa", afirmou o líder do PSDB, Carlos
Sampaio (SP). "Todo mundo passou a vida toda recebendo o 14º e 15º,
inclusive eu, mas chegou a hora de acabar", disse o deputado Sílvio Costa
(PTB-PE).
O único
deputado a se manifestar no microfone contrário ao fim do benefício foi Newton
Cardoso (PMDB-MG). "Estão votando com medo da imprensa. É uma deslealdade
com os deputados que precisam. Não falo por mim, abri mão. Pago caro para
trabalhar aqui".
FONTE; http://estadao.br.msn.com
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