Por Eleandro Passaia.
A realidade é que cada civilização tem o governo
que merece. Parte da sociedade alimenta a corrupção. Ao exigir benefícios
ilegais o cidadão corrompe o agente público. Quando vende seu voto por dinheiro
ou qualquer troca de favor o eleitor coloca no poder alguém predestinado a
roubar. SIM, A ROUBAR. Assistencialismo de qualquer natureza tem custos
elevados e quem o faz fatalmente vai arrumar uma forma desonesta para
equacionar o problema mais tarde.
Geralmente os empresários que se envolvem com a
política se tornam ''olheiros''. Buscam talentos capazes de capitalizar números
expressivos nas urnas. Um mesmo patrocinador de campanha financia dois ou mais
concorrentes à cadeira de prefeito e às vezes a dezenas de candidatos a
vereador de uma única vez. O mesmo pode acontecer quando as eleições escolhem
governadores, deputados, senadores e, que ninguém duvide, até o presidente da república.
É uma forma de perpetuar a contaminação do sistema,
apesar da troca de gestores e de siglas partidárias no poder. Não significa que
todos os candidatos e partidos aceitam acordos com a ''máfia'' que dá fôlego a
corrupção. Mas é preciso admitir: apesar de haver muita gente honesta no setor
público, ainda é carente de homens com coragem de denunciar e tomar ações
decisivas contra os bandidos de paletó.
Quem assistir a uma sessão do poder legislativo
após ler este livro (A máfia de Paletó) certamente será bem mais crítico ao
analisar cada discurso. A impressão é de que os parlamentares acreditam muito
pouco no que falam. Uma afronta aos princípios pessoais compensada com
dinheiro. Os ''edis'' governistas mesmo descontentes com o prefeito promovem
juras de amor em busca de um bem maior, ou de ben$ maiores.
Já os oposicionistas mudam a rota, mas não o
destino. Todos acabam sentando no colo do poder público. A divisão do dinheiro
desviado elimina a função real do vereador, que é a de fiscalizar o poder
executivo. O Parlamento Municipal não só pode como deve estar atento às ações
do administrador municipal. Cabe aos vereadores, inclusive, cassar o prefeito,
quando as denúncias de corrupção forem evidentes.
No balaio da desonestidade cabem ainda muitos
líderes comunitários. Alguns custam valores em espécie (grifo nosso) por mês,
outros querem um emprego fantasma, tem até quem se contente com cestas básicas.
Quanto maior o bairro que representam, mais valiosos devem ser os presentinhos
oferecidos. Para a administração pública o investimento vale à pena. É a
certeza de que os protestos cessarão, afinal há sempre um presidente de bairro ''amigo''
amenizando os ânimos da população enganada por promessas sem respostas.
Fonte: A máfia de paletó – Eleandro Passaia
(Dourados-MS)
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