Especialistas apontam quais são as profissões do Futuro
Por: Luís Celso Jr., Gazeta do Povo Online
Quais são as profissões que estão mais valorizadas pelo mercado de
trabalho hoje? E daqui a três, quatro anos, quando chegar ao fim a graduação,
elas ainda serão as mais procuradas pelos empregadores? E quais as áreas em que
os profissionais enfrentarão dificuldades para encontrar emprego?
Essas com certeza são algumas das muitas perguntas que passam pela cabeça dos
vestibulandos na hora de escolher um curso superior. Especialistas consultados
pela Gazeta do Povo Online afirmam que é difícil prever o futuro, mas é
possível indicar tendências.
Uma pesquisa ouviu representantes de 415 empresas em todo o país e
analisou 128 profissões com as melhores chances até o ano de 2015.
Profissões do futuro até 2015
·
Engenheiro de Petróleo
·
Engenheiro ambiental
·
Técnicos em produção, conservação e de qualidade de alimentos
·
Ajudantes de obras civis
·
Analistas de sistemas computacionais (TI)
·
Trabalhadores da fabricação de cerâmica estrutural para construção
· Técnicos de produção de indústrias químicas, petroquímicas, refino de
petróleo, gás e afins
·
Técnicos em fabricação de produtos plásticos de borracha
·
Técnicos florestais
·
Técnicos em manipulação farmacêutica
Mesmo assim, não há consenso sobre quais são as profissões do futuro.
Dos consultores de carreira e profissionais de empresas de recursos humanos que
foram consultados, alguns apontam profissões pontuais, outros fazem
levantamentos estatísticos e revelam caminhos.
Também há os que não acreditam ser possível esse tipo de previsão, em razão das constantes mudanças do mercado, e os que apostam que o que realmente importa não é a área, e sim uma boa qualificação. No entanto, todos dizem que, seja qual for o futuro, é necessário estar bem preparado para ele.
Thainá Noda Vendrami, 17 anos, é uma dessas estudantes que ainda está em dúvida
sobre para qual curso fazer o vestibular, mas conta que a valorização da
profissão conta bastante. “Por mais que muitas pessoas digam que não
influencia, o quanto vou ganhar é, sim, uma preocupação”, diz. Fazendo cursinho
preparatório no Dom Bosco, em Curitiba, conta que está atualmente entre os
cursos de Publicidade e Propaganda, Relação Pública e Desenho Industrial.
Mas no ano passado, quando terminou o Ensino Médio, queria Medicina
Veterinária. “Estou ponderando bastante sobre o mercado e trabalho. Mas quero
algo compatível com minhas vocações”, diz.
Consultoria profissional
Para a analista e consultora profissional Lígia Guerra, as profissões
relacionadas ao meio ambiente e aos recursos naturais já estão sendo
valorizadas hoje, e é uma boa aposta para o futuro. “Profissões como Agronomia,
Engenharia Ambiental, Engenharia de Petróleo e Gás Engenharia Hídrica devem ter
um mercado aberto por mais 10 ou 15 anos”, diz.
Além disso, com a crescente necessidade de comunicação internacional, os
profissionais de letras também devem ser valorizados. “É a globalização. As
pessoas precisam se comunicar, e as línguas mais exóticas, como o próprio
mandarim [chinês] estarão muito em alta”, conta.
O lazer também já está ganhando terreno no mercado de trabalho na
opinião da consultora. Cinema e Vídeo, além das profissões que se envolvem com
a área editorial, devem crescer ainda mais. “Nunca se deu tanto valor ao lazer
como hoje”.
As pessoas têm cada vez menos tempo livre e querem aproveitá-lo fazendo
o que gostam”, diz Lígia. A consultora também aponta as profissões que envolvem
tecnologia, como telecomunicações e Ciência da Computação
Em baixa, estariam áreas que hoje já possuem um excesso de
profissionais. “Psicologia, Jornalismo, Odontologia e Marketing, por exemplo,
são áreas que estão com muitos profissionais no mercado. Não quer dizer que não
haja vagas, mas os profissionais serão cada vez mais exigidos para ocupar esses
postos de trabalho”, diz.
Levantamento e tendências.
Baseado em um levantamento feito nas 14 regionais, a gerente da setorial
do Grupo Foco no Paraná, Maria Cristina Hilário, aponta que no país estão em
alta às engenharias, em todas as modalidades. “Isso se deve principalmente pelo
crescimento econômico, a expansão de mercados internacionais, como o da China,
e outros fatores”.
Acreditamos que teremos uma boa demanda destes profissionais pelos
próximos anos. “Além disto, há uma carência nesta área em função de que nos
últimos anos estes profissionais foram muito direcionados para mercado
financeiro e administrativo, por possuírem forte bagagem em organização,
cálculos e projeções”, explica.
As profissões de Tecnologia da Informação (TI) também foram um ponto em
comum em todas as regionais. “Há uma grande necessidade de agilidade nos
processos e controles da informação. Além disso, há crescimento de demanda na
área de serviços, que implicam em formação técnica com habilidades de
relacionamento com os clientes”, diz. Além disso, há uma demanda crescente na
área de Inteligência de Mercado. “É uma área que não implica necessariamente em
uma formação específica”. Pode ter formação em Administração, Engenharia,
Marketing, entre outros.
”Ela vem sendo solicitada em função de estabelecer e firmar as
marcas das empresas tanto em mercados nacionais quanto internacionais”,
explica. Não foram apontadas as profissões que estariam em baixa no mercado de
trabalho.
Imprevisível
Segundo Sergio Cesarino, diretor executivo do Grupo Catho em Curitiba, o
futuro do mercado de trabalho é imprevisível, pois há constantes mudanças, cada
vez mais rápidas, que impedem um prognóstico para daqui a cinco ou 10 anos.
“Isso é um exercício de futurologia com grandes chances de dar errado”. Como
exemplo posso dizer que há 10 anos ninguém conseguiu prever que a demanda por
profissionais da área de Tecnologia da Informação seria tão grande neste
momento.
“Como o Brasil hoje está se tornando um grande exportador de serviços de
TI, ao lado da Índia e China, profissionais experientes nessa área e com total
domínio do inglês estão em falta no mercado”, diz.
Portanto, para Cesarino, hoje, estão em alta profissões como
Engenheiros, Geólogos e Arquitetos, em razão do momento pelo qual está passando
o país. “O Brasil passa por um momento de crescimento econômico e as necessidades
de expansão da capacidade produtiva e de infra-estrutura se fazem presentes”,
diz. “Também nota-se demanda em alta das profissões que lidam com a saúde e
alimentação da população, além de especialistas em meio ambiente e ecologia”,
completa.
Ainda de acordo com Cesarino, outra área muito requisitada sempre é de
Propaganda, Marketing e Vendas, na qual se pode incluir também Comércio
Exterior. “Quanto maior é a demanda por produtos e serviços, mais as empresas
precisam de profissionais que saibam atingir o público-alvo e aumentar sua
lucratividade”. Ele também aponta que Administração, Economia, Direito
Empresarial e Internacional são profissões “aquecidas”. “Isso se deve ao
aumento do número de empresas na Bolsa de Valores e a necessidade das organizações
competirem em um mercado globalizado”, explica.
Relativização
Já Marcos Schlemm, consultor sênior da Acta – Educação, RH e Carreira,
alerta que mesmo analisar o presente é difícil num país como o Brasil. “Aqui
temos algumas ilhas de desenvolvimento no
setor empresarial, como a automotiva e aeronáutica, mas em outras áreas estamos
muito aquém do que seria ideal”, diz. “Isso se reflete na demanda de
profissionais que, numa economia como a nossa, deveria ser muito maior”,
completa.
Para ele, as áreas de novas tecnologias são realmente promissoras. No
entanto, não há como não notar um grande nível se subempregos entre
engenheiros. “Mais importante do que apontar áreas, talvez seja dizer que as
pessoas devem seguir suas vocações”.
Esse negócio de tendência de mercado é uma coisa perigosa. Se o
profissional se fiar somente nisso, corre o risco de não ser feliz em sua
profissão”, diz. “O mais importante é fazer bem feito. “Os profissionais bem
qualificados são os que conseguem espaço na sua atividade”, completa.
Além disso, há uma demanda crescente na área de Inteligência de Mercado.
“É uma área que não implica necessariamente em uma formação específica”. Pode
ter formação em Administração, Engenharia, Marketing, entre outros. “Ela
vem sendo solicitada em função de estabelecer e firmar as marcas das empresas
tanto em mercados nacionais quanto internacionais”, explica. Não foram
apontadas as profissões que estariam em baixa no mercado de trabalho.
Como se preparar.
Todos os especialistas consultados concordam que é muito importante
estar bem preparado para o futuro, seja qual for. E para isso, é necessário
nunca parar de se qualificar. “A única certeza que tenho é que em qualquer
profissão que escolherem não poderão nunca mais parar de estudar.
Os profissionais precisarão estar cada vez mais bem preparados, uma vez que
estarão competindo em um mercado globalizado e de mudanças cada vez mais
velozes”, diz Sergio Cesarino, diretor executivo do Grupo Catho em Curitiba.
Ainda de acordo com Cesarino, serão criados cada vez mais cursos e
profissões novas e, ao mesmo tempo, cada profissional deverá saber cada vez
mais sobre outras áreas. “A tendência é de sinergia e fusão de várias áreas do
conhecimento humano como ciência, tecnologia, sociologia, filosofia e arte”,
explica. “O que está em baixa hoje é o profissional pouco preparado, com
conhecimento específico, sem domínio de línguas estrangeiras e que queiram
trabalhar apenas em grandes centros. Nenhuma profissão por si só está em
baixa”, completa.
As dicas de Cesarino para os estudantes são simples. A primeira é sobre
outros idiomas: “Para todas as profissões, em quase 100% dos casos, só os
profissionais que falem pelo menos uma língua estrangeira é que terão chances
de sucesso”, diz.
A segunda é sobre a formação: “Recomendo que os estudantes iniciem sua
preparação de nível superior pelo curso que acharem mais adequado às suas
habilidades e interesses. [...] O mais importante não será a graduação, mas a
certeza que não poderão parar de estudar e se aperfeiçoar nunca”, completa.
Marcos Schlemm, consultor sênior da Acta – Educação, RH e Carreira,
também atenta para o fato de que a graduação é apenas um ponto de partida. “O
mercado olha muito para as competências. Por exemplo, o profissional deve ser flexível,
ter capacidade de adaptação e conhecer outras línguas”, explica.
“O bom profissional hoje é muito distante do bom profissional do
passado. Hoje é necessário comunicar, ser pró-ativo, e ter uma vida pessoal em
equilíbrio. O fato de não praticar esportes, por exemplo, pode influenciar no
desempenho do profissional”, afirma a analista e consultora profissional Lígia
Guerra. “Outro fator a se levar em conta, é que hoje se pensa em um papel
social do trabalho. É aquilo que dá sentido para nossa atividade, um
significado. É o amor por isso que nos faz ir além do que aprendemos na
faculdade por vontade própria”, completa.
Mercado global
Outro fato atentado pelos especialistas é que o profissional hoje não é
mais local, e sim global. Além de conhecer outros idiomas é necessário ter
disponibilidade. “Não é possível mais ficar limitado ao seu bairro. A
concentração de profissionais em certos centros gera muito desemprego. Em
muitos casos, o deslocamento para outra região pode ajudar a garantir o
trabalho”, diz Marcos Schlemm, consultor sênior da Acta – Educação, RH e
Carreira. “O brasileiro é um dos povos menos móveis do mundo. Daqui para frente
será cada vez mais difícil ficar fixo num local”, completa.
Sendo assim, conhecer o mercado de trabalho em outras regiões pode ser
um ótimo começo.
Abaixo, segue parte do levantamento elaborado pelo Grupo Foco sobre as profissões que estão em alta no país, por região.
Abaixo, segue parte do levantamento elaborado pelo Grupo Foco sobre as profissões que estão em alta no país, por região.
REGIÃO PARANÁ (sede em Curitiba): • Áreas em alta: Controladoria, Logística,
Suprimentos, Engenharia, Comerciais e Atendimento ao Público, Inteligência de
Mercado/Marketing e Tecnologia da Informação; • Cursos em alta: Ciências
Contábeis, Engenharias em geral, Informática, Administração, Marketing; • Obs.:
Vagas na área de Tecnologia da Informação, busca crescente de profissionais recém-formados
para serem desenvolvidos.
REGIÃO NORTE (sede em Belém): • Área de Engenharia Mecânica, Civil, Elétrica e
Mecatrônica; • Sistema de Tecnologia (com formação técnica, Eletromecânico, por
exemplo) e instrumentalização; • Saúde, pois as cidades estão crescendo e
precisam desta estrutura.
REGIÃO CENTRO OESTE (sede em Brasília): • Engenharia Civil, de Produção e Eletrônica;
• Tecnologia voltada para Informática; • Obs.: Regiões com grandes
desigualdades de demanda. Enquanto no Centro – Oeste há uma forte planta
industrial, a região Norte é pouco explorada.
REGIÃO INTERIOR DE SÃO PAULO (sede em Campinas): • Engenharia (Mecânica,
Elétrica e Mecatrônica); • Outras áreas muito requisitadas: área
administrativa, financeira, recursos humanos e formações técnicas.
REGIÃO SÃO PAULO (sede capital): • Engenharia; Construção Civil (parte de
hidráulica), Mecânica, e outras.
REGIÃO RIO DE JANEIRO (sede capital): • Engenharia voltada para mineração
(sedes da Votorantim e Vale, entre outras); • Áreas de logística, compras,
ferrovias.
REGIÃO ESPÍRITO SANTO (sede Vitória): • Áreas técnicas e Engenharia
(investimento das empresas Petrobrás e Vale) • Construção Civil em tendência de
aumento.
REGIÃO SUL (sede Porto Alegre): • Tecnologia da Informação (Ciências da
Computação, Analista de Sistema, entre outros); • Engenharia Civil, Elétrica,
Mecânica, entre outras; • Setores da Indústria, Serviços e Construção Civil.
REGIÃO NORDESTE (sede em Salvador): • Construção Civil, Engenharia Elétrica,
Mecânica e Química; • Administração; • Setor Industrial.
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