quarta-feira, 20 de julho de 2016

POLITICA I


Oratória na Política

Falar em público não é apenas falar alto para todos ouvirem – e isto é o mais se vê - Falar em público é sustentar outro tipo de comunicação, diferente da forma usual. O que torna o ato de falar em público uma arte é que nele, contrariamente à representação teatral, o conteúdo da comunicação é variável, de livre determinação do orador, e o interesse da plateia não está previamente assegurado, pela sua mera presença. Conseguir ser ouvido, reter a atenção, emocionar pessoas, persuadi-las com argumentos, são desafios que se renovam sempre, na medida em que muda a plateia. Com relação ao discurso politico, alguns cuidados são imprescindíveis.

Primeiramente, o orador deve ter consciência do que deseja transmitir. Organizar mentalmente sua mensagem, ideias e apresentar de forma clara e convincente. Esta mensagem deve receber um destaque no discurso equivalente à força persuasiva que você deseja que ela tenha para seus ouvintes. O discurso político em campanha tem múltiplos públicos, cada público é sempre diferente do outro. Isto não significa mudar a mensagem, o discurso básico. Significa que a mensagem deve ser adaptada como relevância dos assuntos a serem abordados, tempo, tipo de linguagem, para o público específico e real que esta a ouvir.
Em segundo lugar, criar um clima para lançar a ideia é uma excelente ferramenta. Fazer uma preparação prévia, criar um clima para que ela seja apresentada no momento certo para produzir o efeito desejado. Esta criação pode ser feita apresentando estatísticas (simples de lembrar), ou contando uma estória, ou usando um fato recente de conhecimento do público, ou ainda dramatizando o problema para dar atrativo à solução. Ao falar sobre um problema, o ideal é começar relacionando-o com a vida das pessoas, da comunidade; valorizar o problema, descrever, ilustrar, apresentar exemplos (as pessoas tendem a dar mais atenção à doença e aos seus sintomas, do que à cura); a seguir fazer um diagnóstico preciso; para só depois apresentar a sua solução, da forma mais atraente, resolutiva, viável e realista, fazendo com que as pessoas visualizem os benefícios concretos que advirão da solução proposta.
É importante criar uma relação com o público, uma sintonia com o olhar. Alternar o olhar para diferentes lados, concentrando em grupos de pessoas. Estes grupos que recebem o seu olhar direto tendem a reagir primeiro à sua fala e responder com reações que se estendem para o conjunto. Uma reunião política sempre possui seus imprevistos. É o som que falha, o público é maior/menor que o previsto, é a súbita mudança do clima, é a luz que falta, até os imprevistos provocados pela audiência como brigas e discussões, o bêbado de plantão, provocações de adversários etc. Navegue em meio a estes imprevistos com bom humor, paciência e serenidade. Seu objetivo é conseguir fazer passar sua mensagem, mesmo diante de dificuldades inesperadas. Por isto, encontrar um vínculo emocional é tão importante. Atenção emocional não significa pieguice. Se você iniciar seu discurso falando sobre um assunto relevante para eles e que vá ao encontro de um sentimento forte que nutrem (temor, preocupação, indignação, desejo, esperança etc), você com certeza terá maior chance de conseguir a atenção do público e ser ouvido.
Cuidado com o fato de deixar as pessoas esperando. Pontualidade não tem a ver diretamente com discurso em si, mas tem muito a ver com o estado de espírito do seu público. Pessoas reunidas por muito tempo, esperando tendem a desenvolver um desanimo para com quem vai falar. Não precisa ser uma pontualidade britânica, mas o atraso não deve exceder 30 minutos. Outro fator importantíssimo é cuidado com a referência pessoal aos líderes locais - As pessoas que se reuniram para ouvi-lo foram, na sua maioria, levadas por lideranças locais. O momento do encontro com o candidato é também, para estas lideranças, a oportunidade de provar pares que são conhecidos, respeitados e possuem acesso ao candidato. Sua referência a eles (todos, se algum for omitido ele não esquecerá) é indispensável para que continuem trabalhando na campanha com entusiasmo. Finalmente, a entrada e saída do candidato são também parte do ato público. Cumprimente o máximo possível de pessoas ao entrar sem deixar de avançar em direção ao local do discurso. Tenha a seu lado, na entrada e na saída, um ou mais assessores para receber bilhetes, pedidos, recomendações, pedidos de encontro etc. Na saída, dependendo do tempo disponível, cumprimente o máximo de pessoas que puder. 
Entregue aos assessores a ingrata tarefa de interromper suas conversas, insistindo que você já está atrasado para o próximo compromisso. Instrua seus assessores para que eles peçam às pessoas que colaborem com você, para poder cumprir sua agenda. Você deve dar a impressão às pessoas que falam com você que tem todo o tempo do mundo para elas. São os assessores que, queixando-se de você ("Se a gente não forçar ele não sai daqui, é sempre assim..."), conseguirão tirá-lo da situação, deixando ainda a impressão de que você queria continuar lá, falando com eles.

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