quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A máfia de paletó


Por Eleandro Passaia.

A realidade é que cada civilização tem o governo que merece. Parte da sociedade alimenta a corrupção. Ao exigir benefícios ilegais o cidadão corrompe o agente público. Quando vende seu voto por dinheiro ou qualquer troca de favor o eleitor coloca no poder alguém predestinado a roubar. SIM, A ROUBAR. Assistencialismo de qualquer natureza tem custos elevados e quem o faz fatalmente vai arrumar uma forma desonesta para equacionar o problema mais tarde.
Geralmente os empresários que se envolvem com a política se tornam ''olheiros''. Buscam talentos capazes de capitalizar números expressivos nas urnas. Um mesmo patrocinador de campanha financia dois ou mais concorrentes à cadeira de prefeito e às vezes a dezenas de candidatos a vereador de uma única vez. O mesmo pode acontecer quando as eleições escolhem governadores, deputados, senadores e, que ninguém duvide, até o presidente da república.
É uma forma de perpetuar a contaminação do sistema, apesar da troca de gestores e de siglas partidárias no poder. Não significa que todos os candidatos e partidos aceitam acordos com a ''máfia'' que dá fôlego a corrupção. Mas é preciso admitir: apesar de haver muita gente honesta no setor público, ainda é carente de homens com coragem de denunciar e tomar ações decisivas contra os bandidos de paletó.
Quem assistir a uma sessão do poder legislativo após ler este livro (A máfia de Paletó) certamente será bem mais crítico ao analisar cada discurso. A impressão é de que os parlamentares acreditam muito pouco no que falam. Uma afronta aos princípios pessoais compensada com dinheiro. Os ''edis'' governistas mesmo descontentes com o prefeito promovem juras de amor em busca de um bem maior, ou de ben$ maiores.
Já os oposicionistas mudam a rota, mas não o destino. Todos acabam sentando no colo do poder público. A divisão do dinheiro desviado elimina a função real do vereador, que é a de fiscalizar o poder executivo. O Parlamento Municipal não só pode como deve estar atento às ações do administrador municipal. Cabe aos vereadores, inclusive, cassar o prefeito, quando as denúncias de corrupção forem evidentes. 
No balaio da desonestidade cabem ainda muitos líderes comunitários. Alguns custam valores em espécie (grifo nosso) por mês, outros querem um emprego fantasma, tem até quem se contente com cestas básicas. Quanto maior o bairro que representam, mais valiosos devem ser os presentinhos oferecidos. Para a administração pública o investimento vale à pena. É a certeza de que os protestos cessarão, afinal há sempre um presidente de bairro ''amigo'' amenizando os ânimos da população enganada por promessas sem respostas.
        
Fonte: A máfia de paletó – Eleandro Passaia (Dourados-MS)


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